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Em busca da humanização do crédito

Sócio da J&F Capital conta como as ESCs tiveram papel essencial na economia durante a crise.

Apaixonado pelo que faz, o empresário José Francisco Garcia, da J&F Capital, coleciona boas histórias que mostram alguns dos importantes resultados que as Empresas Simples de Crédito (ESCs) geraram para o setor em apenas dois anos de existência. José Francisco é um entusiasta do modelo das ESCs, principalmente, por estimular a proximidade com o cliente e a criação de soluções praticamente sob demanda.

Uma mensagem que recebeu de um cliente durante a pandemia exemplifica bem esse relacionamento. “José, obrigado por me ajudar a salvar meu negócio, você me ajudou a salvar o meu sonho”, orgulha-se José Francisco, ao ler a frase do cliente, que fez questão de agradecer o suporte oferecido a sua empresa. Para o empresário, o relato é fruto do trabalho humanizado que norteia a J&F Capital. Na entrevista a seguir, ele fala dos avanços das ESCs nesses dois anos, analisa algumas adequações que ainda precisam ser feitas na Lei das ESCs e fala com empolgação do principal desafio da J&F: a busca por um negócio mais humanizado.

Revista do SINFAC-SP
Com dois anos de vigência no Brasil, como você define o papel das ESCs para a economia no país?

José Francisco Garcia – A ESC, quando foi criada, ninguém imaginava que, alguns meses depois, enfrentaria uma crise financeira em razão da pandemia de Covid-19. Então, o pequeno e o médio empresários, que compõem quase 90% da frente trabalhadora do país, foram justamente os mais afetados. E é neste universo onde estão as ESCs. Sim, tivemos programas de auxílio dos governos e não faltou interesse da parte governamental. Mas, conseguimos atender às demandas graças à própria característica da ESC de estar próxima aos pequenos e médios empresários e com menos burocracia. Com isso, foi possível atender de forma mais particular os clientes por entendermos o que cada negócio precisava. Sei que as ESCs foram importantes para o segmento porque tenho clientes que estavam com a contabilidade em dia, com tudo certinho, tudo redondinho e que não conseguiram se encaixar nos programas do governo. Nessas horas, vejo o quanto as ESCs – pela proximidade que têm com o cliente e poder entender o que ele precisava – fizeram toda a diferença durante a pandemia.

Revista do SINFAC-SP
Considera necessárias adaptações na Lei das ESCs?

José Francisco Garcia – Acredito que sim, principalmente, na questão das cidades limítrofes. Ampliar geograficamente a atuação das ESCs é uma oportunidade não somente para o empresário expandir os seus negócios para lugares que, até então, eram inimagináveis como também é um benefício para as comunidades, pois haverá mais uma fonte de captação de recursos para pequenos e médios negócios, além de geração de emprego e renda para a comunidade. Cogita-se também a questão da captação de recursos dentro de uma configuração para repassá-los, sejam eles de bancos privados ou públicos. É a ESC como uma fonte de captação e de distribuição. Não estamos pedindo para mudar o faturamento da empresa que se encaixa nas pequenas e micro empresas. Não haverá concorrência com bancos ou financeiras porque a ESC é voltada para pequena empresa. Estamos apenas tentando tirar algumas amarras.

Revista do SINFAC-SP
Como vê a participação da SINFAC-SP nesse processo?

José Francisco Garcia – Já perguntei no grupo que faço parte no SINFAC-SP: o que o que seria das ESCs no Brasil inteiro sem o SINFAC e a ABRAFESC? O sindicato não apenas dá um norte às empresas de fomento, ele atua em conjunto. Não apenas indica o caminho que você deve seguir, mas vai junto com você, onde você estiver. Isso prova que não há apenas o interesse próprio do sindicato. Ao contrário. Há um interesse coletivo. Para mim, essa característica é vital e muito importante. Por isso, eu sou filiado ao SINFAC-SP e à ABRAFESC. E a atuação do presidente Hamilton, com todo o seu grupo, na representatividade dos interesses, principalmente da ESC, é muito significativa. 36 REVISTA DO SINFAC / SÃO PAULO ENTREVISTA Particularmente, admiro o fato de os empresários, além de cuidarem de seus negócios, serem envolvidos e dedicados ao SINFAC-SP.

Revista do SINFAC-SP
Qual é a história da J&F Capital?

José Francisco Garcia – Sou oriundo do agronegócio e trabalhava no setor financeiro de uma empresa até ela ser vendida em 2015. Sempre me interessei pela área financeira. Comecei a trabalhar com investimentos financeiros, com carteiras diversas. Por acaso, um dia, me deparei com uma matéria cujo título era ‘A possibilidade de abrir um banco com 100 mil reais’. Me chamou a atenção. Vi que se tratava de um modelo regulamentado, que existia segurança jurídica para operar e também responsabilidades a serem seguidas. Então, era sério. Me aprofundei no tema e vi que era possível atuar com três frentes: empréstimo, financiamento e desconto. A partir daí, eu e a minha sócia, Flávia, que é também minha esposa, começamos a pensar em como ter uma ESC com o diferencial de buscar um negócio mais humanizado. Em 2019, criamos a J&F Capital. O nosso carro-chefe, desde o início, é o cartão de crédito, pois, à época, pelas pesquisas de perfil de mercado, entendemos que existia uma demanda na área onde atuamos, como pequenos comércios que utilizam máquinas de cartão de crédito. Hoje, temos em nossa carteira 117 clientes.

Revista do SINFAC-SP
Como você define a J&F Capital?

José Francisco Garcia – Somos uma empresa com o diferencial de atuarmos de forma humanizada, sempre mantendo proximidade com o cliente para levar soluções às suas diferentes necessidades. O que ele precisar, de qualquer frente financeira pode, contar conosco. Se precisar de uma máquina de cartão, nós fornecemos o equipamento; se precisar financiar um caminhão ou uma máquina, financiamos; se precisar antecipar um cheque, uma duplicata, antecipamos. A proximidade com o cliente gera a fidelização. Caminhamos juntos. A nossa cultura nasceu de muito estudo e pesquisa, e com ajuda de uma grande amiga, a Rafaela Lanza, e dos métodos do Sebrae, aos quais sou muito grato. Queremos entender o que o cliente deseja alcançar quando nos contrata. E isso se deve a outro diferencial nosso: ter um portfólio diversificado para atender às demandas. Temos 15 produtos e mantemos a relação com o cliente com visitas, telefonemas, apresentando novos produtos sempre que possível, e também informando que podemos oferecer novos aportes financeiros, como, por exemplo, em negociações. Tudo isso faz parte da humanização do crédito.

Fonte: Sindicato das Sociedades de Fomento Mercantil Factoring do Estado de São Paulo